Escrevo-te versos impróprios
que, à sombra,
trazem a libidinosa vontade de amar-te
sem culpa por saber
que sofrerá quem neles reconhecer uma história.
Os versos que te escrevo
me sobram nos pensamentos,
nas noites sem alimento nem luz,
em que a insanidade ronda o catre frio e estéril
em que me deito só.
Mas são teus.
Só teus.
Dei-os a ti.
São incoerentes.
Brotam do que desconheço em mim
e que à toda gente surpreende.
Em sua outra face,
são virginais,
amorosos,
legítimos,
vêm das chagas ainda abertas
de que tratas com carinho.
Aceita-os.
Se em mim não houvesse tantas ponderações
escreveria versos leves
de amizade e gratidão.
Mas pulsas em mim
não só em idéias –
em máxima presença… –
e se meu corpo reage a tal impacto
por que minha escrita se intimidaria
diante de ti?